29 de maio de 2011

Bullying não é brincadeira


Todos nós que somos ou fomos alunos já vimos cenas muito chatas entre colegas e às vezes até com a gente mesmo. Cenas que nos deixam com medo, em pânico, até sem vontade de ir para a escola.

Vou contar alguns casos para ver se vocês se lembram de algo parecido:

1. No início do ano, entra uma menina nova na sala do 6º. ano. Ela não conhece ninguém,veio de uma cidade do interior e se veste de uma maneira diferente dos outros da mesma turma. Senta-se na carteira quietinha e não fala nada. Logo na primeira aula, a professora pergunta seu nome e ela diz – Carla. E este erre tem aquele som diferente, que os outros alunos consideram caipira. Basta isto! A turma toda começa a imitar o erre, entre risadas e piadinhas. Ninguém se aproxima de Carla, no recreio ela fica sozinha e ainda ouve mais gozações. No dia seguinte Carla não sente a menor vontade de ir para a escola, mas sabe que tem de ir. Entra na sala e já escuta ‘Bom dia, Carla! Dormiu bem? Sua carteira é lá no cantinho, tá? Não queremos caipiras perto de nós!”. Carla não contou nada em casa porque seus pais também ainda estavam se adaptando à cidade e ela não queria aborrecê-los com seus problemas.

2. Igor era um menino tímido do 2º. ano que não tinha muita facilidade para fazer amigos. No recreio, ficava sempre sentado no murinho da quadra vendo os outros jogar futebol. Certo dia, um menino do 4º. ano, Fernando, se aproximou dele, deu-lhe um empurrão e jogou-o no chão. Fez como se fosse chutar seu rosto, mas só fingiu e disse rindo: “Isto é pra você deixar de ser bobo! E não vai contar pra ninguém, ouviu?” Igor ficou super nervoso, amedrontado, mas não disse nada pra professora e nem pros pais. A partir daquele dia sempre que Fernando passava por ele, fechava os punhos como se fosse lhe dar um soco ou fazia uma piadinha.

3. Mariana era uma adolescente de 13 anos cursando o 8º. ano de uma grande escola. Era bastante gorda e embora já tivesse feito vários regimes não conseguia perder peso. Desde pequenininha recebeu apelidos na escola – ela era a baleia, a amorfa, bolona. Sofria muito com isto. Não era escolhida pra nenhum jogo que tivesse de correr, não era convidada para sair com as colegas de sala que diziam ter vergonha de estar com alguém tão “deformado”.

Mariana só pensava na hora de ir para casa, pra ter um pouco de sossego. Queria muito estudar inglês, mas não tinha coragem de enfrentar outra sala de aula e outros colegas.

Todos estes casos acima são exemplos claros de bullying. Então o que é bullying?

Bullying é uma agressão intencional, ou seja, de propósito, sem nenhum motivo, contra alguém mais fraco. Mais fraco em qualquer sentido – pode ser menor de tamanho, pode ser mais tímido e quietinho, pode ser novo ou nova na escola e não conhecer ninguém, pode ser alguém que não sabe se defender. Estas ações geralmente são repetitivas, acontecem várias vezes e por um longo tempo. Vejam o caso de Mariana, que recebeu apelidos desde que entrou pra escola. Mas às vezes pode acontecer uma única vez, com muita violência, e do nada.

É comum nas escolas, onde convivem muitos alunos diferentes, pessoas de quem a gente gosta muito e outras que nem tanto, haver conflitos, discussões e até mesmo brigas. Num jogo de futebol, por exemplo, um menino pode entrar duro num outro e aí começar uma discussão, xingamento e até um soco ou empurrão. Mas o que aconteceu aí foi uma reação a uma entrada dura. Não é a melhor forma de resolver, mas isto não é bullying!

Duas meninas pequenas da mesma sala estão discutindo, brigando mesmo, por causa de uma caixa de lápis de cor. Quase se atracaram… Mas as duas argumentam no mesmo nível. Isto não é bullying!

Pra ser bullying precisa ser:

  1. Intencional, de propósito, sabendo que vai ferir a outra pessoa.
  2. Sem nenhum motivo, não é uma reação a nada que o outro ou outra fez de ruim para você.
  3. A pessoa que pratica o bullying é mais forte, em algum sentido, do que a sua vítima. É um ato de covardia mesmo!
  4. Muitas vezes é repetitivo, dura muito tempo, às vezes o ano todo ou até mais.

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